Dieta pastosa para bariátrica: o que comer e receitas

A alimentação adequada é fundamental para o sucesso da cirurgia bariátrica, sobretudo no período do pós-operatório. Por esse motivo, é importante compreender como deve ser preparada a comida, assim como sugestões de receitas. Confira conosco tudo sobre a dieta pastosa para bariátrica. 

No decorrer deste artigo iremos compartilhar com você quais são as fases da dieta pós-bariátrica, quanto tempo deve durar e como deve ser a alimentação em cada uma delas, com maior foco na dieta pastosa. 

A obesidade

A obesidade cresceu de forma assustadora nas últimas décadas. Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2019, aproximadamente 60,3% dos brasileiros adultos tinham excesso de peso, sendo 25,9% deles obesos.

Com dados como estes, são necessárias estratégias para redução do excesso de peso corporal, mas nem sempre as medidas tradicionais (mudanças na dieta, atividade física e tratamento com medicamentos) têm uma resposta satisfatória.

Diante disso, as autoridades de saúde passaram a recomendar intervenções como a cirurgia bariátrica para promover a perda de peso, melhorar a qualidade de vida e reduzir os danos como diabetes, hipertensão arterial, doença arterial coronariana, problemas ósseos, entre outros. 

Cirurgia bariátrica

A cirurgia bariátrica é um procedimento para auxiliar no tratamento da obesidade. Essa operação também é conhecida como cirurgia de redução do estômago, pois a capacidade desse órgão passa a ser diminuída após a intervenção cirúrgica.

Por ser uma cirurgia que envolve o trato gastrointestinal, onde os alimentos são digeridos e os nutrientes são absorvidos, tanto o período pré quanto pós-operatório interferem bastante na dieta dos pacientes. 

Fases da dieta pós-bariátrica

O Posicionamento Sobre o Tratamento Nutricional do Sobrepeso e da Obesidade, da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), tem recomendações fundamentais em relação à alimentação de pessoas submetidas à cirurgia bariátrica. 

A dieta no período pós-operatório deve ser pensada para prevenir complicações e efeitos colaterais como náuseas, vômitos, abertura dos pontos e dumping, um problema relativamente comum em pacientes bariátricos.

A síndrome de dumping, ou apenas dumping, é um conjunto de sintomas que ocorrem quando há a passagem rápida de alimentos do estômago para o intestino, ricos principalmente em açúcar e gordura. 

Os sintomas dessa síndrome incluem suor intenso, dor de cabeça, aumento dos batimentos cardíacos, diarreia e até mesmo sensação de desmaio. 

Agora que entendemos alguns pontos gerais sobre a dieta para bariátrica no pós-operatório, vamos conhecer as fases de forma detalhada. 

Primeira fase: líquida

Segundo a Abeso, o ideal é que a dieta seja liberada dentro das 24h após a cirurgia. Na primeira fase, é liberada a dieta com líquidos claros, pobres em açúcar e gordura. Nesse primeiro momento a dieta é basicamente o caldo dos alimentos coados. 

No segundo dia após a cirurgia é recomendado que tenha início a suplementação com proteínas, que são nutrientes fundamentais para o sistema imunológico, que trabalha bastante depois de um procedimento cirúrgico como a bariátrica. Essa suplementação deve ser feita em pequenas quantidades.

Há um segundo momento ainda na primeira fase, que é uma evolução para a dieta com líquidos mais encorpados (grossos), em que os alimentos são batidos junto com o caldo e em seguida coados. 

Segunda fase: pastosa

A dieta pastosa para bariátrica é a segunda fase. Nesse tipo de dieta, como o nome indica, os alimentos são servidos em forma de purês. É um tipo de dieta que funciona como intermediária, estando entre a dieta líquida e a sólida.

Os alimentos permitidos na dieta pastosa incluem cremes, purês de frutas, sopa de legumes e cereais com carne, peixe bem cozido e desfiado, ovo pochê, feijão liquidificado ou caldo de feijão, mingau, leite, café, arroz bem cozido, macarrão, carnes moídas ou desfiadas, iogurte, entre outros.

Por outro lado, devem ser evitados pães duros ou com sementes, castanhas, sementes, pastelarias, biscoitos amanteigados, hortaliças folhosas cruas, frutas difíceis de transformar em purê (laranja, abacaxi, uva), carnes duras e empanadas, ovo frito, pimenta, bacon, azeitonas e coco. 

A dieta pastosa para bariátrica deve ser seguida com cuidado. Sendo assim, é fundamental prestar atenção aos alimentos permitidos e que não devem ser consumidos nessa fase. 

Terceira fase: sólida

Finalmente, após o período da dieta pastosa para bariátrica, vem a dieta em consistência sólida. Entretanto, essa etapa também tem uma divisão. Inicialmente é liberada a dieta do tipo branda e só depois a dieta normal.

Na dieta branda, os alimentos são servidos em sua consistência normal, mas precisam ser cozidos primeiro. De modo geral, são recomendados alimentos com menor quantidade de fibras e tecido conjuntivo. 

Nessa fase são devem ser consumidos alimentos crus, com exceção do mamão, que é bem fácil de ser digerido devido à sua consistência. Portanto, até mesmo as frutas e vegetais devem ser cozidos. 

Os alimentos recomendados para essa etapa são pães moles, arroz, massas em geral, bolinhos cozidos ou assados, biscoitos sem recheio, carnes sem gordura (cozidas, moídas, desfiadas, grelhadas, ensopadas ou ao molho), purês, ovos mexidos ou moles, queijo prato, ricota, frutas e hortaliças cozidas.

Devem ser evitados couve-flor, repolho e brócolis devido à possibilidade de formação de gases no intestino, também não devem ser consumidos queijos muito gordurosos, frutas cítricas, ovos fritos e carnes duras e empanadas. 

A segunda etapa da dieta sólida é, enfim, a liberação para a dieta normal. Contudo, embora seja liberada a dieta normal, não significa que deve conter qualquer tipo de alimento. É importante priorizar alimentos saudáveis, mais naturais, sem grandes quantidades de açúcar, sódio e gorduras.

Como funciona a dieta pastosa?

A consistência pastosa é alcançada através do cozimento e também da ação mecânica, ou seja, ao amassar, moer e desfiar os alimentos. Isso vale tanto para alimentos de origem animal quanto para vegetais. 

Diferentemente da dieta líquida, que é necessário coar os alimentos, na dieta pastosa não há necessidade de fazer esse procedimento. Isso porque quando a dieta pastosa é liberada para o paciente, significa que seu trato gastrointestinal já é capaz de tolerar um pouco melhor os alimentos.

É claro que essa tolerância ainda não é totalmente normal, mas também não é necessário que os alimentos sejam totalmente liquidificados. 

O arroz, que é muito consumido no Brasil, pode ser difícil de transformar em um purê ou papa, mas não é impossível. Para isso, é importante cozinhar esse alimento muito bem antes de amassar. 

Esse tipo de dieta é pobre em fibras, presentes em vegetais, e em tecido conjuntivo, presente nas carnes. Por esse motivo, é considerada uma dieta com baixa quantidade de resíduos. 

Isso é importante durante o pós-operatório da bariátrica, pois o estômago e o intestino ainda não estão totalmente prontos para lidar com esses nutrientes, devido ao efeito deles no processo de digestão e absorção.  

As fibras, por exemplo, fazem os alimentos permanecerem mais tempo no estômago e no intestino. Isso é desejado em algumas situações, mas logo após a bariátrica isso não é bom, pois esses órgãos estão em recuperação e não devem passar tanto tempo em contato com os alimentos. 

Receitas de comida pastosa

Como vimos, na dieta pastosa os alimentos são servidos na forma de purês. Vamos te mostrar algumas sugestões bem saborosas para esse momento. 

Faça sempre uma boa apresentação do prato, com os alimentos servidos de forma bonita, pois isso é fundamental para melhorar a aceitação e a ingestão deles, já que muitas pessoas tem uma certa resistência para comer alimentos na forma pastosa.

Convenhamos que comer tudo em forma de purês quando se está acostumado com os alimentos na consistência normal pode ser bem chato, não é? Por isso é super válido investir em pratos mais bonitos, criativos e, consequentemente, atrativos, até porque também comemos “com os olhos”.

Creme de aspargos

O creme de aspargos é uma receita chique, deliciosa e nutritiva. Para preparar uma porção dessa maravilha você irá precisar de: 4 aspargos frescos,  ¼ de cebola, 1 colher (sopa) de manteiga), 1 dente de alho, 2 xícaras (chá) de água, uma pitada de sal e 1 colher de chá de azeite de oliva. 

Lave e seque os aspargos, depois corte-os e remova a parte branca dos talos. Fatie os aspargos em rodelas. Em seguida, corte a cebola e o alho.

Após isso, derreta a manteiga em uma panela pequena e coloque a cebola, o sal e o alho, então mexa por 1 minuto. Acrescente os aspargos logo depois e aguarde cozinhar por 3 minutos, mexendo algumas vezes. 

Coloque a água, misture e deixe cozinhar por 10 minutos. Aproveite a mesma panela e bata o creme com um mixer, ou transfira o conteúdo para um liquidificador e bata. Por fim, acrescente o leite, misture bem e cozinhe por mais 1 minuto. Depois basta servir!

Vitamina de manga

Essa vitamina é uma ótima alternativa de lanche, principalmente nos dias mais quentes. 

Você vai precisar de uma manga, duas colheres de sopa de leite em pó e um copo de 200 ml de água. Coloque tudo no liquidificador e bata por cerca de 1 a 2 minutos. Prontinho, é só saborear! Para tornar a receita ainda mais nutritiva, você pode incluir uma ou duas colheres de sopa de aveia durante o preparo. 

Purê de batata

O purê de batata é uma preparação muito consumida no Brasil e super simples de preparar. 

Primeiro, você deve cozinhar bem as batatas (1 batata é suficiente para preparar uma porção para 1 pessoa) com uma pitada de sal. Logo depois, pegue uma tigela e amasse as batatas com um garfo ou use um espremedor de batatas caso você tenha um em casa. 

Acrescente cerca de duas colheres de sopa de leite enquanto amassa as batatas e misture com elas. Depois, leve uma panela ao fogo com uma colher de sobremesa de manteiga, espere derreter, acrescente as batatas e mexa bem até formar a consistência de purê. 

Mingau de aveia

O mingau de aveia é uma opção super nutritiva e você pode utilizá-lo no café da manhã, jantar, ceia ou até mesmo em um lanche. 

O preparo é bem simples. Para uma porção, pegue uma panela e coloque duas colheres de sopa de leite em pó, 200 ml (um copo americano) de água e 2 colheres de sopa de aveia. Ligue o fogo e mexa com uma colher até chegar na consistência de mingau. 

Uma dica é acrescentar canela em pó para o mingau ficar mais saboroso.

Pudim de pão

O pudim de pão é uma boa opção de sobremesa. Você irá precisar de 1 pão francês amanhecido, 4 colheres de sopa de açúcar, 1 ovo inteiro e 200 ml de leite. 

O preparo é simples: junte todos os ingredientes no liquidificador e bata até formar uma mistura lisa. Prepare uma calda para caramelizar uma forma de pudim e coloque a mistura, depois leve ao fogo em banho-maria por 30 a 40 minutos. Finalmente, basta desenformar e servir!

Creme de legumes

Um creminho de legumes é uma opção levinha e nutritiva. Separe os ingredientes: 1 colher (sopa) de azeite de oliva, ¼ de cebola picada, 2 dentes de alho picados, 1 tomate sem pele e sem semente em pedaços pequenos, 1 cenoura picada, 1 pedaço pequeno de abóbora picada, 500 ml de água e uma pitada de sal. 

Aqueça o azeite e refogue a cebola com o alho e o tomate. Em seguida acrescente os legumes, a água e o sal. Deixe cozinhar até os legumes ficarem bem macios. Desligue o fogo, espere alguns minutinhos para amornar e bata tudo no liquidificador. Sirva em seguida!

Quanto tempo dura a dieta pastosa para a bariátrica?

Quanto ao tempo, é importante destacar que cada pessoa passa uma quantidade de dias diferente em cada fase, pois tudo depende da tolerância do organismo de cada um.

A avaliação para definir a mudança (evolução) da consistência da dieta de pastosa para sólida deve ser feita pelos profissionais de medicina e nutrição. 

Geralmente os pacientes ficam de um a dois dias na dieta líquida mais clara, depois de dez a catorze dias na dieta líquida mais encorpada. 

Depois, ficam cerca de dez a catorze dias na dieta pastosa e então passam para a dieta sólida (branda). Em torno de seis a oito semanas depois, podem ser liberados para a dieta normal.

Conclusão

A dieta pastosa para bariátrica é extremamente importante, pois representa um momento de readaptação do organismo operado aos alimentos. Por esse motivo, é necessário entender como ela funciona e quais preparações culinárias devem fazer parte desse momento.

Agora você já sabe como essa dieta funciona, viu que os alimentos devem ser servidos em forma de purês e já tem uma lista de receitas super saborosas para utilizar. Lembre-se que a nutrição é fundamental para o sucesso da operação. Por isso, coloque esses novos conhecimentos em prática.

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