Obesidade e sobrepeso como fatores de risco para demência

Obesidade e sobrepeso como fatores de risco para demência

A demência é uma condição neurodegenerativa progressiva que compromete a memória, o raciocínio e a autonomia, trazendo impactos para quem vive com a doença e também para familiares e cuidadores.

Apesar de ainda não haver cura, já se sabe que é possível reduzir o risco de desenvolver demência ao longo da vida. Alguns fatores são inevitáveis, como o envelhecimento. Outros, no entanto, podem ser modificados, como é o caso do sedentarismo, da alimentação desequilibrada, do tabagismo e também do excesso de peso.

Estudos recentes mostram que o sobrepeso e a obesidade, especialmente na fase adulta, estão ligados a alterações metabólicas e inflamatórias que afetam diretamente a saúde cerebral. Esses achados reforçam a importância de cuidar da composição corporal com foco para além do controle do peso: também na prevenção de doenças neurodegenerativas.

O que os estudos mais recentes dizem

A relação entre obesidade e demência tem ganhado cada vez mais atenção da ciência. Um relevante estudo publicado na revista Alzheimer's & Dementia sobre o tema, reuniu evidências de que o excesso de gordura corporal, especialmente na meia-idade, está ligado ao maior risco de desenvolver demência e outros problemas cognitivos no futuro.

A obesidade na fase adulta — especialmente entre os 40 e 60 anos — é um dos fatores mais consistentes quando o assunto é demência. É nesse período que os hábitos de vida podem definir a saúde cerebral nas próximas décadas.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o sobrepeso e a obesidade estão entre os principais fatores de risco modificáveis para a demência, ao lado de hipertensão, diabetes, sedentarismo e tabagismo. Isso significa que, embora não se possa mudar a idade ou a genética, é possível agir sobre esses fatores para proteger a saúde do cérebro.

Como a obesidade afeta o cérebro?

Os mecanismos que explicam essa relação são diversos:

  • Inflamação crônica causada pelo excesso de gordura corporal;
  • Alterações vasculares que prejudicam a circulação sanguínea no cérebro;
  • Resistência à insulina, que compromete a função metabólica cerebral;
  • Estresse oxidativo, que acelera a degeneração dos neurônios.

Obesidade e sobrepeso: risco de demência

Como o estilo de vida influencia na prevenção

Mesmo sem cura para a demência, a boa notícia é que alguns hábitos podem ajudar a proteger o cérebro ao longo da vida. Segundo a literatura científica, o estilo de vida tem importância direta na redução do risco de declínio cognitivo, principalmente quando a mudança de comportamento acontece antes da terceira idade.

Veja os principais pilares que contribuem para a saúde do cérebro:

Atividade física

Exercícios regulares melhoram a circulação, reduzem a inflamação e estimulam áreas do cérebro responsáveis pela memória e pelo raciocínio. Caminhadas, musculação, dança ou qualquer outra prática que tire o corpo da inércia já fazem diferença, o importante é manter a constância.

Alimentação equilibrada

Dieta rica em vegetais, frutas, proteínas magras, gorduras boas e cereais integrais tem sido associada a menor risco de doenças neurológicas. Modelos como a dieta mediterrânea e o padrão DASH (abordagens dietéticas para parar a hipertensão), são frequentemente citados em estudos como protetores da função cognitiva.

Estímulo cognitivo

Aprender algo novo, manter-se intelectualmente ativo e explorar diferentes formas de raciocínio ajuda a criar novas conexões entre os neurônios. Ler, estudar, resolver palavras cruzadas e até conversar sobre temas diferentes com outras pessoas são formas simples de manter o cérebro ativo.

Engajamento social

Pessoas que convivem mais com amigos, familiares ou grupos sociais tendem a apresentar menor risco de depressão e isolamento, dois fatores associados ao declínio cognitivo. Estar socialmente ativo é mais importante do que parece — e faz bem para o corpo e para a mente.

Dados do Brasil - segundo OMS

Dados do Global Dementia Observatory mostram que quase metade da população adulta brasileira é fisicamente inativa, o que agrava ainda mais esse cenário. A inatividade colabora para o ganho de peso e aumenta o risco de doenças metabólicas e neurodegenerativas.

Os dados extraídos da plataforma da OMS mostram:

  • 47% da população adulta brasileira é fisicamente inativa (estimativa padronizada por idade).
  • Entre os homens, a taxa é de 40%.
  • Entre as mulheres, o número saltou para 53%.

Essa diferença entre os gêneros chama atenção. Mulheres apresentam índices mais altos de inatividade física, o que pode estar ligado a uma série de fatores sociais, como falta de tempo, acúmulo de tarefas e ausência de espaços acessíveis e seguros para a prática de atividades físicas.

Em um país onde as doenças crônicas não transmissíveis — como diabetes, hipertensão e obesidade — continuam em crescimento, a falta de movimento se tornou um fator de risco coletivo. E, como mostram os estudos, ela também se conecta ao aumento do risco de demência nas próximas décadas.

Trazer esse dado para a conversa pública é essencial. A prevenção passa por políticas públicas, campanhas de conscientização e, principalmente, por mudanças de hábitos que podem começar com pequenas escolhas no dia a dia.

Demência no Brasil - dados do Ministério da Saúde

Um relatório recente do Ministério da Saúde estimou que 8,5% da população idosa brasileira convive com demência, o que representa cerca de 2,7 milhões de pessoas com 60 anos ou mais. E esse número deve mais do que dobrar até 2050, chegando a 5,6 milhões de casos. O relatório foi produzido em parceria com a Unifesp e trouxe um panorama preocupante, mas apontou que quase metade desses casos poderia ser evitada ou retardada.

Entre os fatores de risco modificáveis apontados estão:

  • obesidade
  • hipertensão
  • diabetes
  • inatividade física
  • isolamento social
  • tabagismo
  • depressão
  • perda auditiva
  • baixa escolaridade

Esses dados colocam o Brasil em alerta e mostram que a prevenção precisa começar cedo e continuar ao longo da vida. O relatório também chamou atenção para as desigualdades regionais e de gênero: a demência é mais comum entre mulheres (9,1%) do que entre homens (7,7%), e a prevalência chega a 10,4% no Nordeste, enquanto é de 7,3% no Sul.

Fortalecer os músculos também protege o cérebro

Pode parecer surpreendente, mas a musculação — ou o chamado treinamento de resistência — pode ajudar a manter o cérebro saudável, especialmente na maturidade.

Pesquisadores da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) acompanharam um grupo de idosos com comprometimento cognitivo leve, uma condição que afeta a memória e pode evoluir para doenças como o Alzheimer. Durante 24 semanas, parte desses idosos praticou musculação regularmente, enquanto outro grupo permaneceu sem a atividade.

Os resultados foram animadores: quem praticou musculação teve melhor desempenho em testes de memória e apresentou menor perda de volume em áreas do cérebro importantes para a cognição, como o hipocampo (ligado à memória) e o precuneus (relacionado à atenção e à consciência corporal).

O estudo também revelou benefícios na estrutura da substância branca, que funciona como uma rede de comunicação entre diferentes partes do cérebro. Manter essa integridade ajuda a preservar funções como raciocínio, atenção e agilidade mental.

Esses achados mostram que cuidar dos músculos é também uma forma de cuidar da mente, e reforçam como o estilo de vida é relevante na prevenção da demência.

Estudo realizado por pesquisadores da Unicamp e publicado na revista GeroScience em 2025: leia aqui

O compromisso da Belt Nutrition com a prevenção e o cuidado ao longo da vida

O combate à obesidade é uma causa urgente, considerando seus impactos físicos imediatos e os riscos silenciosos que ela representa para a saúde cerebral com o passar dos anos. Sobrepeso e obesidade não são falhas individuais, mas condições crônicas que merecem acompanhamento e acesso a tratamentos adequados.

Nesse cenário, os medicamentos para tratar a obesidade e diabetes (conhecidos popularmente como “canetas emagrecedoras”) e a cirurgia bariátrica, têm mudado vidas. Ainda assim, muitas pessoas enfrentam estigmas ao buscar essas soluções. A Belt Nutrition reconhece o valor dessas intervenções e atua lado a lado com quem decide cuidar da saúde com responsabilidade e informação.

Nossa missão é estar presente em todas as fases desse cuidado. Desde a infância até a melhor idade, oferecemos suplementações desenvolvidas para atender às necessidades nutricionais específicas de cada etapa. E para quem passou pela cirurgia bariátrica, o suporte precisa ser contínuo.

A Linha Bariatric Sênior foi criada pensando nisso: oferecer suporte nutricional completo a partir dos 50 anos, com produtos que ajudam a manter a imunidade, preservar músculos e articulações e garantir uma boa absorção de vitaminas e minerais, mesmo diante das alterações metabólicas causadas pela cirurgia.

Acreditamos que prevenir é tão importante quanto tratar. Por isso, falamos sobre demência, sobre a importância de manter o corpo ativo, sobre os riscos da inatividade física e da má alimentação. Tudo isso faz parte de uma mesma conversa: cuidar do corpo é também cuidar da mente. E isso começa agora, seja qual for a sua idade.

Referências

WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Dementia: key facts. Geneva: WHO, 2025. Disponível em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/dementia. Acesso em: abril 2025.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Global Dementia Observatory – Insufficient physical exercise. Geneva: WHO, 2018. Disponível em: https://apps.who.int/gho/data/node.dementia#. Acesso em: abril 2025.

BAUMGART, Matthew et al. Summary of the evidence on modifiable risk factors for cognitive decline and dementia: A population-based perspective. Alzheimer's & Dementia, v. 11, n. 6, p. 718–726, 2015. DOI: https://doi.org/10.1016/j.jalz.2015.05.016. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1552526015001971 Acesso em: abril 2025.

Ribeiro, IC, Teixeira, CVL, de Resende, TJR et al. O treinamento resistido protege o hipocampo e o pré-cúneo contra atrofia e beneficia a integridade da substância branca em idosos com comprometimento cognitivo leve. GeroScience (2025). https://doi.org/10.1007/s11357-024-01483-8

MINISTÉRIO DA SAÚDE (BR). Relatório Nacional sobre a Demência: Epidemiologia, (re)conhecimento e projeções futuras. Brasília: Ministério da Saúde, 2024. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2024/setembro/relatorio-nacional-sobre-a-demencia-estima-que-cerca-de-8-5-da-populacao-idosa-convive-com-a-doenca. Acesso em: abril 2025.

Obesidade e sobrepeso: risco de demência



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