Entendendo a hipertensão: causas, sintomas e a relação com a obesidade

A hipertensão arterial, mais conhecida como pressão alta, é uma condição de saúde prevalente que requer atenção contínua. No Brasil, cerca de 30% dos adultos são diagnosticados com esta condição, segundo dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Este número ressalta a importância de discutir e entender melhor as causas, sintomas, e, principalmente, as maneiras de gerenciá-la. Além disso, há uma conexão significativa entre hipertensão e obesidade que merece destaque, especialmente para aqueles que buscam manter a saúde cardiovascular pós-cirurgia bariátrica. Leia aqui sobre o que é hipertensão, seus sintomas, causas, consequências e, como a obesidade está diretamente relacionada a esta condição.
O que é hipertensão arterial?
A hipertensão arterial, ou pressão alta, é uma condição crônica na qual a força do sangue contra as paredes das artérias se mantém elevada por um período prolongado. As artérias são vasos sanguíneos que transportam o sangue do coração para todas as partes do corpo, e uma pressão arterial saudável é essencial para que esse sistema funcione de forma eficiente.
A pressão arterial é aferida em milímetros de mercúrio (mmHg) e apresentada por dois números: a pressão sistólica e a diastólica. A pressão sistólica, o número mais alto, mede a pressão nas artérias quando o coração bate e bombeia o sangue. A pressão diastólica, o número mais baixo, mede a pressão nas artérias quando o coração está em repouso entre os batimentos.
- Pressão arterial normal: Inferior a 120/80 mmHg.
- Elevada: Sistólica entre 120-129 e diastólica menor que 80.
- Hipertensão estágio 1: Sistólica entre 130-139 ou diastólica entre 80-89.
- Hipertensão estágio 2: Sistólica pelo menos 140 ou diastólica pelo menos 90 mmHg.
Quando a pressão arterial de uma pessoa ultrapassa os valores de 130/80 mmHg de forma consistente, é diagnosticada como hipertensão. Essa condição exige monitoramento regular e, muitas vezes, intervenções que incluem mudanças de estilo de vida e/ou medicamentos para reduzir o risco de complicações de saúde graves, como ataques cardíacos, derrames, insuficiência cardíaca e outros problemas cardiovasculares.
A hipertensão pode se desenvolver ao longo de muitos anos e frequentemente passa despercebida até que danos significativos às artérias e ao coração já tenham ocorrido. Portanto, é importante monitorar regularmente a pressão arterial e adotar um estilo de vida saudável para prevenir ou controlar esta condição.
Sintomas da hipertensão arterial
A hipertensão é frequentemente denominada o "assassino silencioso" devido à sua capacidade de causar danos graves à saúde sem sinais óbvios. Muitas pessoas com pressão alta não apresentam sintomas por anos ou até décadas. No entanto, quando sintomas ocorrem, podem incluir os seguintes:
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Dor de cabeça severa
Este é um dos sintomas mais comuns associados a picos de pressão alta, especialmente se a dor ocorrer na parte de trás da cabeça.
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Fadiga ou confusão mental
Alterações na pressão arterial podem afetar a circulação cerebral, levando a sensações de cansaço ou desorientação.
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Dificuldade para respirar
Um coração que trabalha mais devido à pressão alta pode resultar em respiração curta, especialmente durante atividades físicas.
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Batimentos cardíacos irregulares
A pressão arterial elevada pode causar arritmias ou outras alterações no ritmo cardíaco, que podem ser percebidas como palpitações ou batimentos cardíacos irregulares.
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Dor no peito
Embora mais comum em condições como angina ou infarto, a dor no peito também pode ocorrer em situações de hipertensão não controlada.
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Visão embaçada
O aumento da pressão pode danificar os vasos sanguíneos nos olhos, levando a mudanças na visão.
Embora esses sintomas possam ser indicativos de hipertensão, eles também são comuns a outras condições de saúde. Por isso, não se deve assumir automaticamente que eles são devidos à pressão alta sem uma avaliação médica adequada. A aferição regular da pressão arterial é a melhor maneira de detectar hipertensão antes que ela leve a problemas de saúde mais sérios. Se algum destes sintomas for notado frequentemente, é essencial consultar um médico para uma avaliação detalhada.
Causas da hipertensão
A hipertensão arterial pode ser influenciada por uma combinação de fatores genéticos, ambientais e comportamentais. Compreender esses fatores é fundamental para o controle e prevenção desta condição. Abaixo, estão as principais causas:
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Genética
A predisposição genética desempenha um papel significativo no desenvolvimento da hipertensão. Se há histórico de hipertensão na família, o risco de desenvolvê-la é maior.
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Idade avançada
À medida que envelhecemos, nossos vasos sanguíneos perdem flexibilidade, o que pode aumentar a pressão dentro deles, levando a uma maior incidência de hipertensão em idades mais avançadas.
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Consumo excessivo de sal na dieta
O sódio tem a capacidade de reter líquido, o que aumenta o volume de sangue nos vasos, consequentemente elevando a pressão arterial. Uma dieta alta em sal é um dos principais fatores de risco para a hipertensão.
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Falta de atividade física
A inatividade física contribui para o ganho de peso e a obesidade, ambos fatores de risco para a hipertensão. Além disso, a atividade física regular ajuda a manter a saúde cardiovascular e a regular a pressão arterial.
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Consumo de álcool e tabaco
O uso regular de álcool e o fumo podem danificar as paredes dos vasos sanguíneos, aumentando o risco de hipertensão. O tabagismo, em particular, causa uma elevação temporária, mas significativa, na pressão arterial a cada uso.
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Estresse crônico
Estar frequentemente sob estresse pode levar a um aumento temporário da pressão arterial. Mais perigosamente, o estresse pode contribuir para hábitos que aumentam o risco de hipertensão, como má alimentação e consumo excessivo de álcool.
Esses fatores, isoladamente ou em combinação, podem aumentar significativamente o risco de desenvolver hipertensão. Por isso, se deve adotar um estilo de vida saudável, incluindo uma dieta balanceada, exercícios regulares e gerenciamento do estresse, para ajudar a prevenir ou controlar a hipertensão. Consultas regulares com um profissional de saúde também são essenciais para monitoramento e orientação adequados.
Consequências da hipertensão não controlada
A falta de controle da hipertensão pode acarretar sérias complicações que impactam diversas áreas do corpo. Ignorar os sintomas e não tratar a pressão arterial elevada coloca o indivíduo sob riscos substanciais de saúde, envolvendo:
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Doença Cardíaca Coronariana
A hipertensão pode causar endurecimento e estreitamento das artérias (aterosclerose), que é uma das principais causas de doenças cardíacas. Isso limita o fluxo de sangue rico em oxigênio para o coração, podendo resultar em angina (dor no peito) ou um ataque cardíaco.
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Acidente Vascular Cerebral (AVC)
O aumento da pressão arterial pode causar danos aos vasos sanguíneos no cérebro, levando a coágulos ou a rupturas dos vasos. Isso pode interromper o fluxo sanguíneo necessário para as funções cerebrais, resultando em um AVC, que é uma das causas líderes de incapacidade grave e de longo prazo.
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Insuficiência renal
Os rins são órgãos altamente vascularizados e sensíveis à pressão arterial. A hipertensão pode danificar os vasos sanguíneos e as estruturas nos rins, prejudicando sua capacidade de filtrar resíduos do sangue eficientemente. Isso pode progredir para insuficiência renal crônica, exigindo diálise ou transplante renal.
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Danos à visão
A hipertensão pode afetar os vasos sanguíneos na retina, a parte do olho responsável pela formação de imagens. Isso pode levar a condições como retinopatia hipertensiva, que pode causar danos permanentes à visão se não for tratada.
Relação entre Obesidade e Hipertensão
A obesidade não é apenas um fator de risco; ela é um catalisador significativo na patogênese da hipertensão. O excesso de gordura corporal acarreta diversas disfunções metabólicas que influenciam diretamente o aumento da pressão arterial. Entre essas disfunções, destacam-se a inflamação crônica e o aumento da rigidez das artérias, que desencadeiam uma série de respostas fisiológicas adversas, comprometendo diretamente a saúde vascular.
Como a obesidade afeta a pressão arterial
A interação entre obesidade e pressão arterial é mediada por diversas características biológicas:
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Resistência à insulina
Tipicamente observada em indivíduos obesos, a resistência à insulina pode levar a um aumento da reabsorção de sódio pelos rins. Este processo contribui significativamente para o aumento da pressão arterial, pois uma maior retenção de sódio resulta em um aumento do volume de fluido circulante, exercendo maior pressão sobre as paredes arteriais.
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Retenção de sódio e aumento do volume sanguíneo
O tecido adiposo em excesso favorece a retenção de sódio e fluidos, o que não só aumenta o volume sanguíneo mas também exerce pressão adicional sobre as paredes das artérias, contribuindo para o aumento da pressão arterial.
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Desequilíbrios hormonais
A obesidade pode alterar a secreção de vários hormônios importantes, como a leptina, que além de regular o apetite, desempenha um papel na elevação da pressão arterial. Alterações nos níveis de leptina podem influenciar tanto a função cardiovascular quanto a regulação da pressão arterial.
Por que a atividade física reduz a pressão arterial?
A atividade física é um dos pilares no controle da hipertensão. Exercitar-se regularmente ajuda a diminuir a pressão arterial de várias maneiras:
- Melhora a saúde dos vasos sanguíneos e do coração: A atividade física regular torna o coração mais forte. Um coração forte é capaz de bombear mais sangue com menos esforço. Se o coração trabalha menos para bombear, a força nos vasos sanguíneos diminui, o que reduz a pressão arterial.
- Aumenta a liberação de óxido nítrico: Durante o exercício, os vasos sanguíneos liberam óxido nítrico, que ajuda a relaxar os vasos sanguíneos, aumentando a sua capacidade e reduzindo a pressão arterial.
- Reduz o estresse: O exercício é um eficaz redutor do estresse, e o estresse crônico é um fator conhecido que contribui para a hipertensão.
Como a obesidade pode levar ao desenvolvimento de diabetes e hipertensão?
A obesidade é um fator de risco significativo para o desenvolvimento tanto de diabetes tipo 2 quanto de hipertensão, devido a uma série de efeitos sistêmicos que ela provoca no corpo:
- Resistência à insulina: A obesidade geralmente resulta em resistência à insulina, um estado em que as células do corpo não respondem adequadamente ao hormônio. Isso pode levar ao aumento dos níveis de glicose no sangue, um precursor direto do diabetes tipo 2.
- Inflamação: O tecido adiposo, especialmente a gordura visceral em torno dos órgãos internos, produz substâncias inflamatórias que podem causar danos aos vasos sanguíneos e contribuir para o desenvolvimento da hipertensão.
- Sobrecarga do sistema cardiovascular: O excesso de peso exige mais do coração, o que pode levar à hipertensão. Além disso, o excesso de gordura pode alterar a função hormonal, exacerbando tanto a hipertensão quanto o diabetes.
Por que emagrecer reduz a hipertensão?
A perda de peso tem um impacto direto na redução da pressão arterial:
- Diminuição da carga de trabalho do coração: Reduzir o peso corporal diminui a necessidade do coração de bombear sangue com tanta força, o que reduz a pressão sobre as artérias.
- Melhora da sensibilidade à insulina: A perda de peso pode melhorar a sensibilidade à insulina, reduzindo assim a retenção de líquidos e a carga no sistema cardiovascular.
- Redução da inflamação: Emagrecer diminui os níveis de substâncias inflamatórias produzidas pelo tecido adiposo, o que ajuda a normalizar a pressão arterial.
Essas características demonstram como a obesidade contribui para o desenvolvimento da hipertensão, destacando a importância de ações para controle. Para pacientes pós-bariátricos, o acompanhamento nutricional duradouro e um estilo de vida saudável são essenciais para garantir a perda de peso e também o controle efetivo da pressão arterial, minimizando assim o risco de desenvolvimento de hipertensão e suas complicações associadas.
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