Por que a cirurgia bariátrica não deve ser o último recurso no tratamento da obesidade?

Por que a cirurgia bariátrica não deve ser o último recurso no tratamento da obesidade?

A cirurgia bariátrica, uma das formas de tratamento no combate à obesidade grave, é frequentemente tratada como uma última opção, quando todas as outras abordagens falharam. Esse pensamento, no entanto, está sendo revisto pelos especialistas da área.

O adiamento do procedimento, geralmente devido a medos, preconceitos ou falta de informação, permite que as condições associadas à obesidade se agravem, tornando o tratamento mais complexo. Em contrapartida, uma intervenção precoce pode frear o avanço das doenças relacionadas e oferecer uma melhora significativa na qualidade de vida e na longevidade do paciente.

Expandir a visão sobre a cirurgia bariátrica e reconhecer seu papel como parte de um tratamento integrado, em vez de um último recurso, pode mudar o curso da vida de muitas pessoas que lutam contra a obesidade.

A importância de agir cedo: saúde e qualidade de vida

O medo da cirurgia bariátrica é uma das razões pelas quais as pessoas adiam essa opção de tratamento. Esse receio pode vir de vários fatores: medo de complicações cirúrgicas, medo da recuperação e até mesmo medo das mudanças no estilo de vida que a cirurgia demanda.

Além disso, o estigma social em torno da cirurgia – muitas vezes vista como “desistência” ou “fraqueza” – também pode influenciar as decisões. Assim, muitos pacientes acabam optando por continuar tentando dietas e medicamentos.

Embora essas abordagens sejam válidas e ofereçam bons resultados para alguns, é importante reconhecer que a obesidade pode exigir uma intervenção mais severa.

Adiar a cirurgia bariátrica pode significar conviver por muitos anos com doenças crônicas e progressivas que comprometem a saúde física e mental. A obesidade grave está associada a uma série de problemas emocionais, como depressão e ansiedade, muitas vezes agravados pelo preconceito social e pela constante frustração com os esforços de perda de peso que não trazem resultados duradouros. A pressão social para emagrecer e os estigmas ligados à obesidade muitas vezes isolam os indivíduos, afetando negativamente sua autoestima e bem-estar psicológico.

Além disso, os impactos físicos da obesidade se tornam cada vez mais difíceis de reverter quanto mais tempo se passa sem um tratamento que funcione. Doenças como hipertensão, diabetes tipo 2 e problemas respiratórios, como apneia do sono, continuam a progredir e podem se tornar irreversíveis se não forem tratadas.

Com o passar do tempo, as articulações começam a sofrer com o desgaste provocado pelo excesso de peso, tornando atividades simples do dia a dia extremamente difíceis e dolorosas. Sem contar os problemas cardiovasculares, que podem levar a infartos e acidentes vasculares cerebrais (AVCs).

Prevenindo doenças graves associadas à obesidade

Doenças cardiovasculares e obesidade

Entre as condições mais preocupantes relacionadas à obesidade estão as doenças cardiovasculares, que continuam sendo uma das principais causas de morte no mundo. O excesso de gordura corporal, especialmente a gordura visceral que se acumula ao redor dos órgãos internos, aumenta o risco de:

  • hipertensão;
  • infartos;
  • derrames.

Melhora da resistência à insulina e controle do diabetes tipo 2

Outro benefício importante da cirurgia bariátrica é sua capacidade de melhorar a resistência à insulina, um fator-chave no desenvolvimento do diabetes tipo 2. A obesidade é um dos principais fatores de risco para essa doença, que pode levar a complicações como:

  • cegueira;
  • insuficiência renal;
  • amputações.

Ao perder peso, pacientes com diabetes tipo 2 experimentam uma melhora no controle da glicemia, podendo até mesmo reduzir ou eliminar a necessidade de medicamentos para controlar a doença.

Prevenção da progressão do diabetes

Esse impacto positivo no metabolismo também é essencial para prevenir a progressão do diabetes em pacientes pré-diabéticos. A intervenção precoce ajuda a interromper o ciclo de ganho de peso e resistência à insulina.

Mobilidade e qualidade de vida

Além das doenças cardiovasculares e do diabetes, a obesidade grave também afeta a mobilidade e a qualidade de vida dos pacientes. O excesso de peso coloca uma pressão significativa sobre as articulações, especialmente nos joelhos e quadris, acelerando o desgaste e o surgimento de complicações.

Apneia do sono e perda de peso

Outra condição crônica relacionada à obesidade é a apneia do sono, caracterizada por interrupções repetidas da respiração durante o sono. Isso pode causar:

  • fadiga crônica;
  • problemas de concentração;
  • aumento do risco de doenças cardíacas.

Pacientes que perdem peso após a cirurgia geralmente observam uma melhora na qualidade do sono, com redução dos episódios de apneia.

Cirurgia bariátrica: uma abordagem multidisciplinar

A cirurgia bariátrica, de forma isolada, é insuficiente para resolver todos os problemas relacionados à obesidade. Seus benefícios a longo prazo dependem de um planejamento detalhado e de um acompanhamento contínuo por uma equipe multidisciplinar, composta por médicos, nutricionistas, psicólogos e outros profissionais da saúde.

Pacientes que não recebem o suporte adequado em todas essas áreas correm o risco de recuperar o peso ou desenvolver deficiências nutricionais, problemas emocionais e outros desafios relacionados.

O papel do cirurgião no processo bariátrico

O médico cirurgião é fundamental em todo o processo, sendo responsável por determinar se o paciente é um candidato adequado para a cirurgia e qual o tipo de procedimento mais indicado. O acompanhamento começa no planejamento e segue até o pós-operatório, considerando aspectos físicos e assegurando que a saúde geral do paciente esteja estável para enfrentar a cirurgia e a recuperação.

A importância da nutrição em todas as fases da cirurgia bariátrica

O acompanhamento nutricional é necessário em cada etapa do tratamento de pacientes bariátricos, desde o pré-operatório até o pós-operatório e na manutenção a longo prazo.

  • No pré-operatório, o nutricionista avalia o estado nutricional do paciente, ajusta a dieta para prepará-lo adequadamente para a cirurgia e garante que ele entre no procedimento com as melhores condições de saúde.
  • No pós-operatório imediato, a nutrição é essencial para a recuperação. Após a cirurgia, o corpo processa os nutrientes de maneira diferente, especialmente em procedimentos como o bypass gástrico, que alteram significativamente a absorção de vitaminas e minerais. O nutricionista desenvolve um plano alimentar que inclui:
    • controle da ingestão calórica;
    • garantia de que o paciente receba todos os nutrientes necessários para manter a saúde e favorecer a cicatrização.
  • A longo prazo, o acompanhamento nutricional permanece indispensável. O nutricionista ajusta a alimentação conforme o paciente avança, assegurando que ele mantenha uma nutrição adequada. A suplementação vitamínica continua a ser fundamental para garantir que o paciente receba todas as vitaminas e minerais de que precisa, evitando complicações comuns a longo prazo.

Além disso, o nutricionista é o profissional mais adequado para orientar sobre a suplementação vitamínica e mineral necessária após a cirurgia. Como a absorção de nutrientes é reduzida em muitos pacientes bariátricos, ele sabe exatamente quais suplementações são indicadas e como ajustar as doses para evitar deficiências nutricionais.

Saúde mental e cirurgia bariátrica

A ligação entre obesidade e saúde emocional é complexa, e os efeitos psicológicos da cirurgia merecem atenção. A perda rápida de peso e as mudanças na aparência podem gerar:

  • ansiedade;
  • depressão;
  • outras reações emocionais.

O psicólogo ou psiquiatra especializado em obesidade e distúrbios alimentares ajuda os pacientes a lidar com essas questões, promovendo uma mudança de mentalidade e ajudando-os a desenvolver uma relação mais saudável com a comida e o corpo. Esse acompanhamento também previne recaídas em comportamentos alimentares compulsivos ou distúrbios emocionais que podem comprometer os resultados da cirurgia.

Cirurgia bariátrica e o momento certo para agir

A cirurgia bariátrica não deve ser encarada como a última opção no tratamento da obesidade grave. Adiar o procedimento pode agravar doenças associadas, além de aumentar os riscos para a saúde geral do paciente. Especialistas defendem que uma intervenção precoce oferece melhores resultados, reduzindo complicações e melhorando a qualidade de vida. É essencial que os pacientes recebam suporte contínuo de uma equipe multidisciplinar para alcançar resultados duradouros e saudáveis.

Ao longo dos últimos 10 anos, a Belt Nutrition tem se dedicado a apoiar pacientes bariátricos em todas as fases do tratamento, oferecendo suplementação de qualidade e inovando para atender às necessidades específicas de cada pessoa. Seguimos firmes em nossa missão de transformar vidas por meio da ciência e do cuidado personalizado.

Referências

https://saude.abril.com.br/medicina/cirurgia-bariatrica-nao-e-ultimo-recurso-para-obesidade-dizem-especialistas

https://www.youtube.com/live/E32dRqgGBBw?feature=shared