Enjoos e vômitos após a Cirurgia Bariátrica: o que pode ser?

Enjoos e vômitos após a Cirurgia Bariátrica: o que pode ser?

A cirurgia bariátrica é um procedimento transformador através do qual muitas pessoas alcançam mais saúde e qualidade de vida. No entanto, o período de recuperação pode trazer desafios, e sintomas como enjoos e vômitos podem ser comuns nos primeiros dias. Embora o desconforto inicial faça parte do processo de adaptação do corpo às mudanças, esses sinais também podem indicar complicações mais sérias. Quando persistem, esses sintomas podem estar relacionados a problemas como estenose, formação de pedras na vesícula, hérnias ou a síndrome de dumping.

Entender quando esses sintomas são aceitáveis durante a recuperação e quando podem ser um sinal de alerta é fundamental para garantir um pós-operatório seguro. Neste artigo, vamos abordar conceitos e as possíveis causas dos enjoos e vômitos após a cirurgia bariátrica, e como lidar com cada situação.

O que é considerado normal após a cirurgia bariátrica? 

Nos primeiros dias após a cirurgia bariátrica, é esperado que o corpo passe por um processo de adaptação. Durante esse período, enjoos e até mesmo episódios de vômito podem ocorrer. Isso acontece porque o estômago, agora muito menor, precisa se ajustar à nova quantidade de alimento que pode receber, e o sistema digestivo passa por uma adaptação.

Esses sintomas geralmente estão relacionados à introdução gradual dos alimentos líquidos e pastosos, além da reeducação alimentar necessária após a cirurgia. O corpo ainda está aprendendo a lidar com o novo volume e ritmo das refeições. Pequenas quantidades de alimento ou líquidos que antes eram confortáveis podem, neste momento, causar desconforto e levar ao vômito. Esse cenário é comum nas primeiras semanas e tende a se estabilizar à medida que a dieta evolui e o organismo se ajusta.

O importante é observar se esses enjoos e vômitos estão diminuindo com o tempo. Se houver uma melhora gradual, isso normalmente indica que o corpo está se adaptando bem. Contudo, se os sintomas persistirem ou se tornarem mais intensos, é fundamental buscar orientação médica, pois pode haver outras causas envolvidas.

Quando os vômitos e enjoos merecem atenção?

Embora seja comum enfrentar algum desconforto inicial no pós-operatório, certos sinais indicam que os enjoos e vômitos podem ser mais do que uma simples adaptação do corpo. Fique atento aos seguintes sintomas, pois eles podem sinalizar complicações que exigem intervenção médica:

  • Vômitos persistentes: Se os episódios de vômito ocorrem com frequência ou se mantêm após o período inicial de recuperação, pode ser um sinal de algo mais sério. O vômito frequente impede a ingestão adequada de nutrientes e pode levar à desidratação.
  • Dificuldade em ingerir líquidos e alimentos: Se, mesmo com pequenas porções e seguindo as orientações do nutricionista, há uma constante sensação de náusea ou dificuldade em manter líquidos e alimentos no estômago, é preciso investigar.
  • Dor intensa: Dor abdominal ou no peito, especialmente quando acompanhada de vômito, não deve ser ignorada. Pode ser um indicativo de problemas como obstrução ou estenose, que necessitam de atenção médica urgente.
  • Perda de peso rápida e exagerada: Embora a perda de peso seja o principal objetivo da cirurgia bariátrica, se a perda ocorrer de maneira acelerada e acompanhada de sintomas como fadiga extrema, pode indicar que o corpo não está recebendo nutrientes suficientes.
  • Sensação de “entalo” frequente: Se constantemente há a sensação de que o alimento fica preso ou de que a comida está “parada” após as refeições, é necessário investigar a causa, que pode estar relacionada a problemas como complicações na anastomose.

Se você perceber algum desses sinais, não hesite em buscar o suporte da equipe médica para avaliar o seu caso de forma individual e contextualizada. Intervenções rápidas e ajustes podem prevenir complicações mais graves e garantir uma recuperação segura.

Principais causas de vômitos e enjoos persistentes

1. Estenose e Anastomose: o que são e como afetam o pós-operatório?

  • Anastomose: Durante a cirurgia bariátrica, uma nova conexão é feita entre o estômago e o intestino. Essa ligação, conhecida como anastomose, permite que o alimento passe do estômago diretamente para o intestino. Embora essa conexão seja parte do procedimento cirúrgico, ela pode apresentar complicações, como o desenvolvimento de um estreitamento anormal.
  • Estenose: A estenose ocorre quando essa conexão (anastomose) se estreita excessivamente, dificultando a passagem de alimentos e líquidos. Esse estreitamento pode levar a sintomas como vômitos frequentes, sensação de entalo, dor abdominal e dificuldade em ingerir até mesmo pequenas quantidades de comida ou líquidos. O diagnóstico precoce e o tratamento são essenciais para evitar complicações mais sérias.

2. Síndrome de Dumping: entenda os sintomas e tipos

A síndrome de dumping é uma condição comum após a cirurgia bariátrica e ocorre quando o alimento passa muito rapidamente do estômago para o intestino. Isso pode causar desconfortos significativos, sendo dividida em dois tipos principais:

  • Dumping Precoce: Ocorre logo após as refeições, geralmente entre 10 a 30 minutos. Os sintomas incluem náuseas, vômitos, dor abdominal, sudorese, tontura e sensação de fraqueza. É desencadeada pela ingestão de alimentos ricos em açúcar ou gordura, que são processados rapidamente pelo estômago.
  • Dumping Tardio: A síndrome de dumping tardia costuma acontecer uma ou duas horas após a refeição, quando a presença de alimentos hipercalóricos no intestino estimulam o pâncreas a liberar insulina em excesso, levando a uma queda acentuada nos níveis de açúcar no sangue.

Ambas as formas de dumping podem ser tratadas com ajustes na dieta, como fracionar as refeições e evitar alimentos que desencadeiam os sintomas. O acompanhamento feito por nutricionista e equipe multidisciplinar em todas as fases da cirurgia é essencial para a recuperação. 

3. Pedra na Vesícula: um risco comum após a cirurgia

A rápida perda de peso após a cirurgia bariátrica pode aumentar o risco de formação de pedras na vesícula. Essas pedras, conhecidas como cálculos biliares, podem causar dor intensa na parte superior do abdômen, náuseas e vômitos, especialmente após refeições gordurosas. Se não tratadas, as pedras na vesícula podem levar a complicações mais sérias, como inflamação da vesícula biliar ou obstrução dos ductos biliares.

4. Hérnia Interna

Após o bypass gástrico em Y de Roux laparoscópico (BGYRL), uma complicação que pode ocorrer, embora seja rara, é a hérnia interna. Ela acontece quando partes do intestino delgado se deslocam para áreas onde não deveriam estar, o que pode causar uma obstrução. Essa condição pode provocar sintomas como vômitos persistentes, dor abdominal intensa e inchaço. Esses sinais são um alerta para procurar ajuda médica imediatamente, pois a correção geralmente exige uma cirurgia.

O que fazer em caso de vômitos e enjoos persistentes?

Se os enjoos e vômitos persistirem após o período inicial de recuperação, é fundamental buscar orientação médica. Esses sintomas podem indicar algo mais sério, como estenose, dumping ou outras complicações que exigem acompanhamento especializado. Um médico poderá solicitar exames, como endoscopia ou ultrassom, para identificar a causa do problema.

Além disso, ajustes na dieta e na suplementação podem ser necessários. Em alguns casos, alimentos específicos ou a forma de preparo podem estar contribuindo para os sintomas. O nutricionista é indispensável na readequação da alimentação, buscando formas de minimizar o desconforto e garantir a absorção adequada de nutrientes.

Por isso, ao notar qualquer sinal de alerta, não hesite em procurar ajuda profissional. A prevenção e o tratamento precoce são essenciais para evitar complicações maiores e garantir uma recuperação segura e saudável.

Referências:

da Silva, A. M., Nahoum, G., Ribeiro, C. dos S., Fantinelli, A. de F., & Eyer, F. C. (2023). Hérnia Interna: ocorrência simultânea nas duas brechas em paciente pós-bypass gástrico em Y de Roux – relato de caso. Brazilian Journal of Development, 9(8), 25345–25353. https://doi.org/10.34117/bjdv9n8-142

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